Com o
aumento da pressão popular das últimas semanas, Governo
Federal e Parlamentares recolocaram na mídia a questão do
financiamento da educação pública. Em poucos dias,
logo se aprovava na Câmara e se divulgava na grande imprensa a destinação
de 75% dos royalties do petróleo destinados a investimentos na
área educacional e 25% para a área da saúde. Temos
motivos para comemorar então?
Infelizmente,
não! Ou, sendo bastante esperançosos, ainda não!
O Projeto de Lei nº 5500/13 foi aprovado apenas na Câmara de
Deputados e enviado para o Senado Federal, para novas apreciações.
Lá, o texto do projeto foi alterado e remetido de volta à
Câmara: é necessário definir se todo o chamado Fundo
Social do Pré-Sal vai para a educação e saúde,
como querem os deputados, ou se apenas os rendimentos desse fundo serão
destinados a essas áreas, conforme querem os senadores. Se a proposta
da Câmara prevalecer, a expectativa é de que sejam destinados
R$210 bilhões em dez anos. Caso vença a posição
dos senadores, os recursos diminuem para R$ 110 bilhões. Essa decisão,
entretanto, ficou adiada para o início de agosto.
Mas não é só! Mesmo que a totalidade desses recursos
seja aprovada, não há garantias de que será suficiente.
A carta aberta da Campanha Nacional pelo Direito à Educação,
rede composta por mais de 200 organizações em todo o Brasil,
alerta: "O Brasil precisa investir mais recursos em políticas
públicas educacionais, mas isso não basta. Os recursos novos
precisam ser aplicados em um plano de Estado capaz de fazer com que a
União, os 26 estados, o Distrito Federal e os 5565 municípios
caminhem para um mesmo destino, unindo esforços rumo à universalização
do direito à educação pública de qualidade
para todos e todas".
Diferentemente
do projeto dos royalties, o Plano Nacional de Educação (PNE)
não entrou na pauta dos protestos que lotaram as ruas do país,
não ganhou espaço na mídia e não tem data
para ser votado. Tramitando no Congresso desde dezembro de 2010, o PNE
propõe 20 metas educacionais para o período entre 2011 e
2020 e, teoricamente, deveria ter entrado em vigor em 1º de janeiro
de 2011. Na prática, porém, sua vigência valerá
por 10 anos a partir de sua aprovação legislativa e sanção
presidencial. Atualmente, esse projeto de lei encontra-se na Câmara
de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, tendo
sofrido, nesse caminho, muitas alterações, que reduzem o
âmbito e a validade de suas proposições.
Dessa forma, os movimentos sociais em defesa do direito à educação,
considerando todos os dispositivos dos textos das duas Casas Legislativas,
têm se posicionado favoravelmente ao texto da Câmara dos Deputados,
que, mesmo não sendo o ideal, aproxima-se mais dos anseios e necessidades
da população brasileira em matéria de educação.
A Associação de Docentes do Colégio Pedro II
tem envidado esforços para participar desse movimento de pressão
sobre os parlamentares e avalia que a comunidade escolar do CPII não
pode ficar de fora desses debates. Precisamos nos informar e nos organizarmos
para garantir a definição de políticas públicas
que visem à diminuição das discrepâncias existentes
entre os sistemas de educação municipais, estaduais e federais.
Enquanto essas diferenças não forem dirimidas, não
haverá qualidade de educação efetiva nem valorização
dos profissionais da educação significativa para todos.
Para saber mais, clique:
- Resumo
da ADCPII sobre o PNE: as metas e a tramitação do Plano
no Congresso
- Quadro comparativo dos Projetos de PNE e de destinação
dos royalties do petróleo (Câmara e Senado): http://legis.senado.leg.br/mateweb/arquivos/mate-pdf/131143.pdf
- Avaliação do ANDES-SN sobre o PNE:
http://www.andes.org.br/andes/print-ultimas-noticias.andes?id=6046
e
http://www.andes.org.br/andes/print-ultimas-noticias.andes?id=4638
- Carta enviada ao Senado pela Rede Primeira Infância: http://primeirainfancia.org.br/?p=14565
- Sobre a proposta de Custo Aluno-Qualidade Inicial (CAQi):
http://www.deolhonosplanos.org.br/custo-aluno-qualidade-inicial-e-planos-de-educacao-desafios-e-conceitos/
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