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Rio de Janeiro, 13 de maio de 2014
 
REGIMENTO DO COLÉGIO PEDRO II:
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES

Uma das mais importantes questões no CPII este ano é a elaboração do seu novo Regimento Geral.
A fim de contribuir para o necessário debate sobre o tema, publicamos a seguir parte da análise sobre a proposta da Reitoria, feita pelo professor Tarcísio Motta de Carvalho, do Departamento de História.

Leitura Preliminar do documento base para elaboração do Regimento Interno do CPII

Do ponto de vista geral, a leitura do documento base sugere a necessidade de três grandes debates (recorrentes em nossa comunidade): os mecanismos de democratização do colégio, as especificidades do CP2 e a manutenção do caráter público e da função social de nossa instituição.

Ponto 1: o processo de democratização do CP2
Um dos elementos fundamentais está na definição das estruturas e atribuições em cada campus. Pelo documento base, os antigos COPAS serão transformados em dois conselhos, ambos apenas CONSULTIVOS: um pedagógico e outro administrativo. Suas respectivas composições não estão definidas e sequer a garantia de presença dos diversos segmentos está prevista. Nesse ponto, minha opinião é que devemos defender a existência de apenas um conselho, pois a separação completa das dimensões administrativa e pedagógica é contrária à concepção de que a parte administrativa deve ser pensada também a partir das necessidades e prioridades pedagógicas do colégio. Logicamente, não se trata aqui da discussão a respeito da relação entre técnicos e docentes, mas sobre a necessidade de integrar estas duas dimensões.
Da mesma forma, precisamos defender o caráter DELIBERATIVO de tais conselhos. Quando as decisões são tomadas pelo conjunto da comunidade escolar, elas traduzem o desejo de todos e cada campus será a expressão do conjunto dos interesses e desejos de sua comunidade. O Diretor Geral (assim como o Reitor) deve ser um executor da política definida pelo conjunto da comunidade. Devemos também defender a definição desde já acerca da presença de alunos, pais, técnicos e professores na composição deste conselho e de que estes representantes serão eleitos.Esta me parece ser a forma de garantir que não teremos alguns campi onde o conselho será mais participativo e outros onde a participação será vetada ou controlada pelas Direções Gerais.
Outro ponto fundamental para a democratização do colégio seria garantir o caráter deliberativo dos colegiados departamentais. Os artigos que tratam dos departamentos estão confusos e este avanço não foi garantido. Estabelecer que as decisões que tratam da organização interna de cada disciplina, as bancas de concurso, a lotação de servidores e as discussões curriculares são prerrogativas dos departamentos e que os colegiados são os espaços deliberativos sobre tais questões é um passo importante que precisa ser dado.

Ponto 2: as especificidades do CP2
Um dos elementos fundamentais da estrutura do CP2 são os departamentos pedagógicos. Sua presença é absolutamente positiva e, em minha opinião, é parte daquilo que garante a nossa qualidade de ensino (além da sua unidade entre os vários campi). Portanto, é fundamental garantir o papel dos departamentos e sua autonomia nas questões pedagógicas relacionadas às especificidades de cada disciplina. Os artigos 65 e 66 me parecem copiados de algum regimento de outro IF e não regulamentam o que são os departamentos hoje e, obviamente, não permitem avançar em novas formulações. Precisam ser completamente reescritos.
O fato de que diversos artigos me parecem copiados de algum regimento de outro IF acarreta outros problemas: em alguns momentos temos a ausência de referências aos alunos do Ensino Fundamental e da Educação Infantil, não há qualquer previsão de participação dos responsáveis (com exceção do Consup) nos processos deliberativos ou consultivos, a coordenação de disciplinas é uma cópia das coordenações de curso (técnicos) dos IFs, a seleção de professores contratados está sob responsabilidade dos campi, o Diretor Pedagógico tem a função de avaliar currículos (e não apenas de acompanhar o andamento dos mesmos), há previsão de "cursos à distância" e de "reingresso", não há referência aos sorteios para ingresso de alunos nos anos iniciais e educação infantil, etc. Ou seja, existe a necessidade de uma revisão geral do texto base para garantir as especificidades do nosso colégio.

Ponto 3: o caráter público e a função social do CP2
Muitas vezes, artigos que parecem sem importância tornam-se extremamente perigosos ou revelam intenções políticas que não estão explícitas nos discursos mais gerais. Nesse sentido, gostaria de chamar a atenção para alguns artigos:
Na definição das atribuições da Diretoria de Articulação Externa (Arts. 36 e 37), consta que este setor deverá promover a articulação do CP2 "com setores governamentais e com o meio empresarial" e ainda em relação a setores de fomento ligados ao "governo, empresas e fundações". Acreditamos em uma educação socialmente referenciada e na necessidade de colocar o CP2 a serviço da transformação da sociedade. Assim, escolher o "meio empresarial" como interlocutor privilegiado do nosso colégio representa um passo no caminho de subordiná-lo ao status quo e à lógica do mercado. Melhor seria pensar na necessária articulação com os movimentos sociais, educacionais e comunitários que poderiam potencializar a função social que o CP2 deve cumprir enquanto escola pública de qualidade.
Da mesma forma a definição no Regimento Interno de que os Diretores Administrativos devem propor e elaborar projetos para "obtenção de recursos financeiros" (Art. 84) e ainda que o orçamento do colégio será composto também por recursos financeiros de "outras origens" (Art. 135), sem especificar que tais recursos devem ter origem pública (órgãos de fomento estatais), abre brechas para processos de privatização, ameaçando o caráter exclusivamente público de nossa instituição. Além disso, não há no regimento qualquer mecanismo de transparência e publicidade em relação à utilização destes recursos.
Por fim, a mudança de nomenclatura de Projeto POLÍTICO Pedagógico para Projeto Pedagógico INSTITUCIONAL é um retrocesso nas formulações e debates do campo educacional progressista das últimas três décadas. Todos sabemos que o poder de nomeação possui um caráter simbólico que carrega um sentido político nem sempre evidente. Retirar a denominação "Político" do título dado ao documento mais importante do Colégio pode ter a intenção de se esquivar do necessário debate sobre a finalidade e os objetivos da nossa instituição. Representa, portanto, a tentativa de esconder atrás de um suposto termo técnico e de uma neutralidade inexistente um fim que também é político: impedir o debate que pode por em xeque o rumo que se pretende dar ao Colégio Pedro II.

 
GT DO RSC
(RECONHECIMENTO DE SABERES E COMPETÊNCIAS)

O GT-RSC da ADCPII finalizou seu trabalho e encaminhou à CPPD, no dia 29 de abril, sua análise sobre os critérios para concessão de RSCI, RSCII e RSCIII.
Foram apresentadas também sugestões de meios para comprovação das atividades realizadas, para obtenção da pontuação relativa aos saberes e competências em questão.
Para ver a tabela com os critérios e a pontuação correspondente, clique aqui.

 
DITADURA NUNCA MAIS!

Cecília Coimbra, professora de psicologia da UFF e militante do grupo Tortura Nunca Mais, esteve no Campus São Cristóvão III conversando com alunos e professores, no dia 12 de maio, em atividade organizada pelos professores Wolney Malafaia e Lucia Baère Naegeli e apoiada pela ADCPII.
Cecília Coimbra nos falou sobre solidariedade, resistência, e, entre outros pontos, sobre a importância da publicização das informações recolhidas pelas Comissões da Verdade, pois a História é fundamental para a compreensão do tempo presente. Abordou também a permanência da tortura como conduta inefelizmente naturalizada em nossa sociedade.

A professora deixou duas publicações para a ADCPII. A primeira é o DVD do filme Memória para uso diário, dirigido Beth Formaggini, que acompanha várias famílias buscando informações sobre desaparecidos, uma figura criada pela ditadura empresarial-civil-militar e que continua existindo até hoje. A outra é o livro 20 Anos da Medalha Chico Mendes de Resistência, Memórias e Lutas, no qual são apresentados os perfis dos homenageados pelo grupo Tortura Nunca Mais por seu engajamento na luta por direitos humanos.
A professora convidou-nos para o Julgamento Simulado dos acusados da morte do cinegrafista da Band, que contará com participação de Nilo Batista. Será no dia 20 de maio, às 18 horas, no Caco (Diretório Acadêmico da Faculdade de Direito da UFRJ) no Campo de Santana.
A conversa foi rica e emocionante, mobilizando todos e todas que tiveram o privilégio de estar presentes a trazer para o debate suas próprias lembranças e experiências, fortalecendo nossa disposição de resistir e lutar por uma sociedade mais justa.
Lembrar? Sempre! Esquecer, jamais...

 

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