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Rio de Janeiro, 1 de abril de 2014
 
PEDRINHO FAZ 30 ANOS
JOGO DA MEMÓRIA

Este ano temos um fato muito importante na história do Pedro II para rememorar e comemorar: trinta anos da criação do primeiro Pedrinho, o de São Cristóvão.
A memória é um jogo. Um quebra-cabeça onde se encaixam peças colocadas por muitas mãos. Um palimpsesto, camada sobre camada. Um álbum de fotografias.
A memória é uma construção coletiva. A ADCPII convida os associados e associadas a trazerem suas peças para este jogo da memória. Enviem seus textos para o email secretaria@adcpii.com.br.

COMPARTILHANDO LEMBRANÇAS

Glaucia Soares Bastos - Campus Engenho Novo I


Em 1984 eu tinha 18 anos. Tinha concluído o Curso de Formação de Professores e trabalhava na Rede Municipal quando soube que estavam abertas as inscrições para o concurso de ingresso para professores do tradicional Colégio Pedro II, que iniciaria suas primeiras turmas de Primeiro Segmento do Primeiro Grau. Havia um atrativo na carreira docente federal: eu estava na faculdade, e quando concluísse o curso superior poderia progredir da classe A, inicial, para a classe C, o que corresponderia a um substancial aumento do salário.
Mas isso era para o futuro. No momento em que decidi me inscrever, estava totalmente insatisfeita com o trabalho que realizava, lotada numa escola bem considerada, todavia comandada com mão de ferro por uma diretora muito antiga e autoritária, que se arvorava em supervisora e orientadora educacional, fazendo ameaças indistintamente a alunos e professores. Uma escola nova, a ser criada, pareceu-me uma ótima alternativa.
Aprovada no concurso, começamos em fevereiro, eu e o conjunto de novas colegas, a definir grupos e linhas de trabalho, a organizar espaços e tempos da escola. Lembro de me sentir num compêndio de História, passando do capítulo da Idade Média para o do Renascimento. Havia pessoas interessantes, amizades que começaram naquele tempo e duram até hoje... Havia conversa, colaboração, compartilhamento, muito antes dessas palavras entrarem na moda associadas às mídias digitais. Havia um projeto de escola sendo tecido com os saberes e as competências mutuamente reconhecidos de todas nós, que chegávamos de diferentes lugares com nossas diferentes bagagens para estar juntas.
Nos anos seguintes, outras unidades do "Pedrinho" foram criadas, o que fez com que esse grupo "inaugural" se dispersasse. Normas, regras, mecanismos de controle e avaliação foram retirando aos poucos a autonomia que tínhamos, em nome de uma homogeneidade empobrecedora e, em última análise, fictícia. Hoje há muitos documentos reguladores a serem rigorosamente obedecidos e uma estrutura pedagógico-administrativa verticalizada que quase impossibilita a troca, o diálogo, as decisões e construções coletivas. Só posso lamentar. Ao longo desses trinta anos fortaleci a convicção de que só um ambiente de respeito e confiança garante a tranquilidade necessária ao trabalho docente. E, infelizmente, estamos longe disso.
Minha última lembrança do ano letivo de 1984 é um almoço no refeitório da própria escola, num clima de verdadeira confraternização. Houve entrega de presentes pelas amigas que iam finalmente deixando de ser ocultas. Havia alegria e afeto entre nós. O presente que me coube, que recebi da Juliana, foi um livro de Clarice Lispector: Uma aprendizagem ou O livro dos prazeres. Não poderia haver síntese mais acertada para expressar o que fora aquele meu primeiro ano nesta Instituição.

 
ESTATUTO, REGIMENTO GERAL, REGIMENTO DE CAMPUS:
COMO REGULAMENTAR A ESCOLA QUE QUEREMOS

Nos próximos meses discutiremos, nos diferente campi do Colégio e no Conselho Superior, a reelaboração do Estatuto e a criação do Regimento Geral da escola.
Para que cada um de nós participe de forma crítica, qualificada e propositiva do debate acerca de documentos tão importantes, que podem limitar ou potencializar as práticas que desejamos instituir, contribuímos rememorando um pouco da história recente em relação às leis do Colégio Pedro II.
Até 2012, tínhamos dois Regimentos oficiais (na época era esta a terminologia utilizada para o que hoje denominamos Estatuto). Os gestores da escola utilizavam ora um, ora outro, de acordo com sua conveniência, para justificar suas ações. Em 2005, depois de ampla discussão, uma Assembleia Estatuinte eleita elaborou um novo Regimento, nunca reconhecido pelos gestores do Colégio.
A equiparação do Colégio aos Institutos Federais de Educação, em termos de estrutura e organização administrativa, realizada com a lei 12.677/2012, colocou à nossa instituição a necessidade de reestruturar-se em seus aspectos administrativo-pedagógicos. Para reelaborar o Estatuto do Colégio, a metodologia que a reitoria escolheu, naquele momento, foi a criação de um Grupo de Trabalho, indicado, não-eleito. O grupo, em 15h, traçou as linhas gerais da nova organização da escola, com seus instrumentos de normatização e gestão. Já fizemos várias análises, em boletins anteriores, de quão problemáticos foram o processo e o produto desse trabalho, que desconsiderou totalmente as especificidades do Colégio.
Com a aprovação do Estatuto, a organização escolar começou a mudar: muitas instâncias apenas na nomenclatura, mas outras em suas atribuições. Foram criados novos órgãos colegiados, como o Conselho Superior (CONSUP), órgão máximo da escola, com caráter deliberativo e consultivo e membros eleitos.
O Conselho Superior iniciou, no final de 2013, a revisão do Estatuto, por demanda da reitoria e de vários conselheiros. Agora o debate chegará a toda a comunidade escolar, que terá a oportunidade de se manifestar. As direções gerais de campus terão papel fundamental na organização do espaço e na viabilização da participação de todos os segmentos na discussão do Estatuto e do Regimento. O período de debate nos campi está previsto para ir até o mês de maio.
A Reitoria disponibilizou, na página do Colégio, uma proposta para orientar o debate. Ressaltamos a importância de fazermos do Estatuto e do Regimento instrumentos legais que viabilizem práticas como a tomada coletiva de decisões, a garantia de participação, a autonomia do trabalho docente e o estímulo à formação de cidadãos críticos e autores de sua história. Nesse processo, torna-se necessário pensar qual estrutura reflete melhor nossos princípios e propostas de trabalho político-pedagógico.
Recomendamos a leitura de outros Regimentos de Institutos Federais e de escolas de educação básica, além do Regimento elaborado em 2005, a fim de garantirmos que possamos de fato fazer valer nosso suor.

A ADCPII está constituindo um GT, aberto a todos os interessados, para estudar o assunto. A primeira reunião será no dia 3 de abril, às 17 horas. Participe!

 
O GOLPE MILITAR NO CPII

Helena Godoy - Professora aposentada do Depto. de Língua Portuguesa e Literaturas
"Mas as coisas findas,
muito mais que lindas,
essas ficarão"
(Memória - Carlos Drummond de Andrade)

Década de 60. Tempo de mudanças. Agitação cultural no Brasil e no mundo. Nas salas de aula, debates inflamados sobre teatro, literatura e filosofia. Questões políticas e sociais eram aprofundadas em História, Geografia e Sociologia. Intensa participação nos grêmios de cada Seção (na época, assim eram chamadas os atuais campi. O jornal Vanguarda Estudantil publicava artigos que estimulavam memoráveis discussões. Prêmios em festivais amadores de cinema e de música, apresentação de peças de autores estrangeiros como Shakespeare, Molière e tragédias gregas. Assim cresciam aqueles jovens, aprendendo a pensar e, consequentemente, a questionar.
Então veio o golpe, inaugurando tempos sombrios: prisões, cerco policial na porta do colégio em busca dos líderes estudantis. Colégio dividido. De um lado, o Professor Vandick Londres da Nóbrega da Direção Geral convocando professores para homenagem ao dia 31 de março com saudação em latim! Em São Cristóvão inauguraram uma pracinha a que deram o nome de Largo 31 de março que desapareceu providencialmente durante uma obra... Não podemos esquecer a triste homenagem ao Almirante Hademaker, felizmente página virada graças à mobilização da comunidade escolar em 2011. De outro lado professores como Robespierre Martins Teixeira, professor de Física e ex-presidente do SINPRO eram presos para averiguações e foram cassados. Os que não sofreram o arbítrio diretamente, resistiam bravamente nas salas de aula, encontrando de maneira sutil formas de driblar censura e perseguições. Ainda assim não deixávamos de formar cidadãos críticos e conscientes.
Impossível transmitir o sentimento de professores recebendo notícias de exílio, tortura e morte de nossos meninos. Dói muito lembrar. E hoje, 1º de abril, tentando conter as lágrimas, faço a mais difícil e dolorosa chamada dos meus 47 anos como (com muito orgulho) professora do Departamento de Português do Colégio.
Alunos do Pedro II mortos pelos órgãos repressores da ditadura militar:

ALEX de PAULA XAVIER PEREIRA
FERNANDO AUGUSTO da FONSECA
JOSÉ ROBERTO SPIEGNER
KLEBER LEMOS da SILVA
LINCOLN BICALHO ROQUE
LUCIMAR BRANDÃO GUIMARÃES
LUÍS AFONSO MIRANDA RODRIGUES
MARCOS NONATO DA FONSECA
P R E S E N T E S !

 
DITADURA NUNCA MAIS!

Promovida por "Seminários Palas & Clio", "Modelo Comissão da Verdade CPII" e pelo Campus São Cristóvão III, esta será a primeira de uma série de quatro mesas redondas para debater o golpe civil-militar de 1964.

  • Local: Campus São Cristóvão III
  • Data: 6ª feira, 4 de abril de 2014
  • Convidados: Modesto da Silveira - advogado de presos políticos, Ilma Noronha - militante da Ação Libertadora Nacional e Rômulo N. de Albuquerque - militante da Ação Libertadora Nacional
 
ADCPII DIVULGA
  • 40 ANOS DA REVOLUÇÃ DOS CRAVOS
    Palestra com Victor Caio Roque (deputado do Partido Socialista Português)
    Mediação: Profª. Lia Faria
    Dia 2 de abril de 2014, às 9:30
    Auditório 111 (Faculdade de Educação/ UERJ)
  • Oficina INVESTIGAÇÕES FOTOGRÁFICAS no CAp-UFRJ
    De 01 de abril a 10 de junho, sempre às terças, de 17 às 19h30.
    A oficina é gratuita e dirigida, em especial, à professores da rede publica e estudantes de licenciatura em artes visuais. Neste semestre: técnicas alternativas de fotografia, como cianotipia, fotograma e pinhole. Inscrições por e-mail investigacoesfotograficas@gmail.com ou no próprio local. Certificado no final mediante 75% de presença.

ADCP II
Associação de Docentes do Colégio Pedro II
Campo de São Cristóvão, 117 - Unidade São Cristóvão
setor 2, 2º andar Rio de Janeiro - RJ - CEP 20921-440
Telefones: (21) 2580-0783 / 3860-1194
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